25.12.07

Gravuras digitais em edições limitadas

Agora você pode adquirir infogravuras produzidas diretamente a partir das ilustrações que estão no meu site ou as postadas aqui nas Alarcrônicas.



Impressas com equipamentos de última geração sobre papéis de fibra de algodão de marcas respeitadas como Hahnemühle, Arches ou Canson, as gravuras digitais possuem diferentes níveis de textura, gramatura e alvura, e são certificadas para mais de 250 anos de permanência.


O processo de impressão conta com rigoroso gerenciamento de cor, tudo isso sob os cuidados e a atenção dos especialistas da Imagem Impressa

Escolha já a sua arte favorita e depois escreva para alarcao@alarcao.com.br para se informar sobre detalhes como o endereço da entrega, a dedicatória, etc. A arte chegará a suas mãos com um certificado de autenticidade, assinada, numerada e muito bem protegida numa embalagem enviada pelos Correios (Sedex ou Carta Registrada).

Ao fazer seu pedido, lembre-se de colocar no título do e-mail a frase "Gravuras Digitais Alarcão".

Preços válidos até outubro de 2012:

30 X 40 cm ------------R$ 125,00
45 X 60 cm ––––––––––––R$ 225,00
Para outros formatos, preços sob consulta.

21.12.07

Então é Natal

Deus segundo Ralph Steadman


Ralph Steadman é um dos melhores desenhistas do mundo. Tão bom que conseguiu desenhar Deus.
Com pedacos de uma foto de um chimpanzé (nós humanos), tesoura, cola e meia dúzia de pinceladas, criou um Deus à nossa imagem e semelhança.
Lançando seus raios, a poderosa divindade atazana a pobre existência das criaturinhas insignificantes que vivem lá embaixo.
Ralph Steadman também tem uns desenhos sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Vale a visita ao sitedele.

O Fim do Mundo ( ou "O homem é o lobo do homem")


Assisti esta semana ao filme Apocalypto, de Mel Gibson.

Já havia lido uma matéria a respeito e pensei que ele havia ficado louco depois daquele filme sobre Cristo.

Apocalypto é todo falado no idioma Maia, só tem atores desconhecidos, e é muito violento.

Tem um enredo sensacional, apesar dos já apontados problemas de acuidade histórica. Alguns historiadores dizem, por exemplo, que os Espanhóis só chegaram ao Novo Mundo 400 anos após a última cidade maia ter sido abandonada por seus habitantes.

Mas sigamos adiante. Mel Gibson pede que não tomemos seu filme como um documentário.
A narrativa envolvente, emotiva e tensa, é conduzida por uma excepcional direção (a sequência da perseguição da onça negra é um dos exemplos).

Os puristas, e "artistosos-que-entendem-de-cinema" hão de dizer que é uma ignorância elogiar Mel Gibson, o cara do Máquina Mortífera, o fundamentalista cristão que fez aquele filme sanguinolento, o bêbado que xinga judeus, etc e tal.

Elogio o seu filme sim, mas deixo claro que muito do mérito vai para o cara que escreveu a história contada ali.

Vejam e agradeçam-me por não ter contado mais detalhes.

E antes que eu me esqueça, o calendário Maia termina em 2012, ano em que termina também o protocolo de Kyoto.

(Fiz a arte deste post originalmente para um artigo sobre os Aztecas, publicado em 2005 na revista Cricket)

O Fim do Mundo, ou melhor...

Ilustração do projeto pessoal Archetypal Zoo. que pode ser visto no meu site.

WHOA! Acalmai-vos. Juro que pegarei leve no tema.

Agora o assunto sobre o qual quero falar neste blog-para-meia-dúzia-de-amigos é o fim da espécie humana.

Já ia começar escrevendo "fim do mundo", mas isso seria uma tolice (embora tenha deixado assim no título pra aparecer mais na pesquisa do Google huehe...).

Pra começar: o mundo vai continuar aí sem a nossa presença, sem dúvida.

Vai continuar correndo o mesmo tempo, arredondando pedras, carcomendo ferros, moendo vidros e o que mais restar da nossa civilização.

Outro dia desses estava pintando uma arte e, como sempre acontece, meus pensamentos começaram a divagar por diversos assuntos aleatórios. Enquanto as pinceladas iam e vinham sobre o papel, vi-me envolvido na idéia do quanto aquele material é frágil (mas entenda-se aqui como "fragilidade" simplesmente "a pouca resistência ao tempo").

Pensei em seguida no quanto a nossa vida está registrada sobre suportes perecíveis e frágeis como o papel. Por quanto tempo durariam essas coisas todas aí depois que caísse o último sujeito responsável por manter o ar ligado?

Um livro impresso desses de hoje, caso fosse abandonado para sempre numa estante, duraria o quê, uns 200, 250 anos?
Quanto tempo durariam as HDs, CDs, DVDs, os sistemas magnéticos, fitas, discos, negativos, rolos e bobinas...

Então imaginei todos os meus backups juntos, esmerilhados lenta e inexoravelmente pelo tempo. Uma bosta de pensamento que me fez parar para tomar um arzinho.

Voltei à prancheta e novamente os pensamentos.
O que seria de toda essa informação e cultura que vai no lombo da miríade de i-pods, i-phones, e-books, e-gadget, e-this, e-that?!
"Como são frágeis os suportes que carregam o registro da nossa vida no século XXI !", pensei.

Então, as idéias tomaram uma direção contrária. Danei-me a tentar imaginar quais coisas continuariam por aqui após o fim da espécie humana.

Deixaríamos na Terra talvez os escombros dos arranha céus, o traçado das cidades, alguma coisa em concreto armado, aço - fosse das pontes ou dos prédios - e mais, plásticos e pneus petrificados, carcaças de um ou outro metal, umas esculturas do Henry Moore e do Richard Serra...

Seria isso suficiente para contar a história de quem realmente fomos?

O que você salvaria do fim do mundo?

A obra de Shakespeare?
As pinturas de Klimt?
O design de Raymond Loewy?
As fotos de Cartier Bresson?
O bebop Jazz?
As esculturas de Michelangelo?
Os cadernos de Da Vinci?
Os filmes de Chaplin?
As cavernas de Altamira?
Os desenhos animados da Pixar?
Os quadrinhos de Moebius?

O que os arqueólogos do futuro se felicitariam ao encontrar sob os escombros submersos da humanidade?

A fina camada de verniz que nos protege


E por falar em fim do mundo, recentemente fiz-me o favor de assistir ao documentário do Al Gore, ganhador do Oscar (o filme), e do Nobel da Paz (o homem).

A julgar pelo prestígio das duas academias, tenho certeza de que o que se diz ali sobre o aquecimento global é a versão mais próxima dos fatos que seguem acontecendo lá fora deste meu ambientezinho particular com ar-condicionado.

Al Gore, o ex-futuro presidente dos EUA teve como mestre um cientista pioneiro na pesquisa dos efeitos da poluição através de medições do nível de CO2 na atmosfera. Graças a este registro, foi possível acompanhar claramente a evolução do problema até chegarmos o momento atual. Toda esta história é descrita no documentário como uma envolvente aula audiovisual sobre o Aquecimento Global, que é hoje uma ameaça real à continuação da trajetória do homem sobre a terra.

Por isso o filme "Uma Verdade Inconveniente" é absolutamente necessário. Amigos, vejam o filme, informem-se. Façam isso por favor.

A maioria das pessoas não tem idéia da fragilidade da atmosfera que envolve a Terra. Para efeitos de comparação, se pegássemos um daqueles globos escolares de plástico e pintássemos sobre ele uma leve demão de verniz, aquela seria a espessura relativa da atmosfera terrestre (conforme disse o falecido Carl Sagan, astrônomo, autor da bem sucedida série de TV "Cosmos")

Na mesma semana em que assisti ao filme do Gore, chegou a minha National Geographic, uma revista maravilhosa que há 120 anos vem escrevendo a história do que acontece neste planeta. O aquecimento global é o tema da capa deste mês. Reproduzo abaixo seu parágrafo final, sombrio nas entrelinhas e repleto de inquietantes "talvez":

"Sem dúvida, o aquecimento global vai ser a maior prova com que nós, os seres humanos , já nos defrontamos. Mas estamos prontos para mudar, de maneira dramática e prolongada, a fim de proporcionar um futuro viável às próximas gerações e à biodiversidade do planeta? Se estivermos dispostos a tanto, as novas tecnologias e os novos hábitos talvez consigam nos oferecer uma saída. Entretanto isso só vai acontecer se agirmos com rapidez e decisão - e com uma maturidade que raramente demonstramos enquanto sociedade ou espécie. Esse vai ser o nosso grande rito de passagem durante o qual não teremos nenhuma certeza de ou garantia de êxito. É apenas uma janela de oportunidade que ainda está aberta, por pouco tempo, mas ainda suficiente para deixar passar um raio de esperança."

O que mais entristece nesta história não é a possibilidade da minha morte ou a dos meus descendentes, mas o desperdício do legado da humanidade. O registro da incrível habilidade e diversidade criativa da nossa espécie não devia ficar de herança somente para os arqueólogos do futuro.

18.12.07

O fim do mundo (pela via nuclear)


Certa vez um ilustrador americano das antigas contou-nos a paranóia que era viver nos EUA sob o pânico da ameaça nuclear russa na década de 50.

Nas escolas, as crianças eram submetidas semanalmente aos "nuclear evacuation drills", ou seja, ensaios de evacuação do prédio em caso de catástrofe nuclear. Ocasionalmente fazia-se também o "ensaio de entrada no bunker atômico", um cubículo que era pouco mais que uma pequena piscina subterrânea com paredes de concreto e chumbo, um teto ligeiramente arqueado para cima, com umas escotilhazinhas redondas e estreitas. Coisa para habitar o mundo dos pesadelos daquela molecada (e o menino Marshall ali incluído).

E os filmes? Mostravam testes atômicos, flashes que cegavam momentaneamente as platéias nos cinemas com imagens recentes do grande cogumelo de isótopos a abrir seu túnel nas nuvens mais altas da atmosfera. Cortes cinematográficos para casas, árvores e postes sendo rasgados por ventos de fogo e metal; som altíssimo com ruídos interrompidos apenas pela voz alarmante do locutor.

Havia também o Sputnik que, atrevido, enviava "bips" do espaço acima das cabeças dos americanos. O pequeno satélite russo era a própria materialização dos fantasmas que rondavam aquela época quando o fim do mundo estava tão próximo. E lá se vão 50 anos.

A imagem deste post é parte do ensaio gráfico "Heaven Departed," de Marshall Arisman, onde o artista descreve por imagens o impacto emocional e espiritual da guerra nuclear sobre a sociedade humana.

7.12.07

Cropar, ja entrou no Aurélio esta palavra?

Muitas vezes um "crop" de uma ilustração em formato página inteira se torna uma melhor ilustração de página dupla. Esta abaixo entra na capa, e o detalhe, na dupla.

6.12.07

Esses tipinhos que vemos por ai

A idéia não é original. O próprio Angeli faz algo parecido há tempos, só que mais sucinto e mais genial, claro.
Como prolixo inveterado, resolvi criar historietas para estas pessoinhas que desenho enquanto falo ao telefone. Já são 118 destes humanozinhos mediocremente reais.
Qualquer semelhança com pessoas conhecidas pode não ser coincidência.

5.12.07

O dia em que enterrei meu cão

Já contei esta história aqui ? Acho que não.
Aliás, vou fazer melhor, vou deixar só o desenho.

28.11.07

Um pouco mais de Mitologia

Algumas ilustrações que acabam de sair do forno. Pertencem ao livro "O Herói e a Feiticeira". Adoro desenhar árvores!


10.11.07

Diário Gráfico: quem fez e gostou faz barulho

Bernardo e Aline são as mentes criativas por trás das estampas da Tozco. As camisetas que eles fazem são muito originais e, cada vez mais, estão vestindo por aí os corpos mais interessantes.
Conheci a dupla no meu último workshop intensivo, o D.G "Crash" e depois de ler o blog deles, fiquei com a forte impressão de que mais gente foi inoculada pelo tal vírus diariográfico.

9.11.07

milagre cibernético


"Seu Renato, encontrei seu isqueiro dentro da máquina de lavar", a empregada daqui de casa esticou o braço e me entregou meu pen drive Sony.
"Tava no bolso da bermuda", completou.
"Ai caceta...", pensei.

Conectei o bicho no computador e abri todos os arquivos normalmente.
É isso aí. Pen Drives Sony: à prova de máquinas de lavar e usuários acerebrados.

OU:

Será que todo pen drive é a prova d'agua, fogo, terremoto, e somente o burraldo aqui não sabia?

A foto do post não tem quase nada a ver com assunto. É que eu achei bonitinha...

5.11.07

Moldar o mundo


"A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para moldá-lo".
Falou e disse Vladimir Mayakovsky (na fotografia de outro russo genial, Rodchenko)
Mayakovsky suicidou-se quando tinha a minha idade, 37 anos.

Brinquedoteca do Adulto

Este é o título do "espaço conceitual" desenvolvido pelo escritório D Design para o evento Casa Cor 2007 que acontece no Jockey Club do Rio.





A convite da designer Verônica Valle e equipe, participei com minhas ilustrações emolduradas em 72 quadrinhos que, por conta do jogo de espelhos, são multiplicadas ao infinito.
Há também na Brinquedoteca do Adulto brinquedos arquetípicos da infância, como pião, boneca de pano, livro e cavalo de pau, todos em tamanho gigante.

Os visitantes são convidados a interagir com os brinquedos e eu, criança que sou, tratei logo de montar no alazão de madeira para uma rápida cavalgada rumo aos meus 5 anos.



Acreditem, o vaivém no brinquedo é mesmo hipnótico e relaxante, e por isso devo encomendar um para os meus momentos de stress.

O Casa Cor vai até o dia 18 e quem gosta de criatividade, design de interiores, arquitetura e sobretudo busca inspiração para sair do lugar comum, não pode deixar de aparecer por lá.

Quero dar os parabéns à DDesign pelo imenso talento e agradecer pelo carinho que demonstram pela arte da ilustração.

3.11.07

Produção cenográfica

Na segunda-feira dia 5/11 vai ao ar "Desejo Proibido", novela da Globo que se passa na década de 30. Ainda no tempo em que a obra se chamava "Milagre do Amor", fui contratado para participar de dois projetos cenográficos. O primeiro foi a concepção de diversas vistas em perspectiva, mostrando uma cidade cenográfica que até então só existia em plantas baixas.



Tempos depois fui chamado para fazer desenhos de uma santa de pedra, na verdade um stalagmite de uma caverna, que, por ter a forma de uma santa, foi imbuído de poderes milagrosos pela crendice popular.



Depois de prontos, estes desenhos da santa (em 4 vistas) foram passados para um escultor encarregado de interpretá-los tridimensionalmente.

1.11.07

Cinema Desenhado



Em Novembro o portal UOL trouxe uma matéria sobre a exposição "Cinema Desenhado", da qual participei com uma ilustração baseada na obra prima "O Sétimo Selo", de Bergman.
Esperamos que esta exposição tenha novas edições a cada ano.

29.10.07

TANGA!!!


Há muitos anos atrás o saudoso Henfil fez um filme chamado "Tanga", que contava a pitoresca história de uma nação que exportava cabelos e importava perucas.

Obviamente Tanga é uma metáfora para o Brasil. O Brasil das laranjas, bananas, aço, carne e também dos... lápis de cores!

Sim, esta prosaica ferramenta de trabalho também participa do universo "Tanga". Vejam só por que:

Esta semana chegou uma caixa de materiais de arte que eu havia encomendado à "Dick Blick" , uma loja muito boa de Nova York. Dentre meus apetrechos estavam também algumas coisas que minha mulher havia pedido. Chamou-me atenção uma caixinha com 36 lápis de cor da marca Faber Castell, com a frase "Made in Brazil" no verso.

Custa lá fora 4 dólares, que ao câmbio atual de R$1,81 daria R$7,24.
Acontece que a tal caixa de lápis, exatamente a mesma fabricada no Brasil e exportada para os EUA, custa aqui 24 reais. É pouco mais do que o triplo do preço.

TANGA!

28.10.07

Diário Gráfico "Crash" começa nesta sexta-feira


Começa no dia 2 de Novembro a versão compacta da oficina de desbloqueio criativo que usa o livro como suporte. Como sempre, a teoria e a prática são intensivas.

Esta versão "Crash" do Diário Gráfico é a opção ideal para quem não tem tempo de fazer o curso integral. A oficina também foi criada para artistas e estudantes de outros estados que queiram vir ao Rio de Janeiro cursá-la na sexta, sábado e domingo. Como o trabalho rola na parte da manhã, sobra tempo para curtir as ótimas exposições que estão acontecendo na cidade. Ah, claro, tem também a praia, para quem curte praia. O melhor do Rio é de graça!

Escreva para estudiomarimbondo@terra.com.br e garanta uma vaga na turma que começa nesta sexta-feira, às 18h.
Horário: sexta das 18 às 21:30 h
Sábado: das 10 às 13h
Domingo: das 10 às 13h
10 alunos por turma
Investimento: 300,00 à vista. Materiais básicos fornecidos.

A versão "Crash" do Diário Gráfico inclui a palestra teórica em sua íntegra.

As eco-sandálias da humildade


Deu no jornal: Brasil é campeão mundial de reciclagem de latinhas. 94% delas são reaproveitadas. Que beleza! Um índice que nos encheria de orgulho não fosse o fato de que esta "consciência ambiental" é somente um verniz para a miséria escancarada de nossas ruas, onde muitas famílias sobrevivem do garimpo nas lixeiras.

Enquanto isso as garrafas pet continuam um grave problema ambiental aqui e em todo o mundo. Dizem que se fosse possível recolher todos os recipientes plásticos que flutuam pelos oceanos do planeta poderia-se fazer um novo continente. Flutuante como aquelas ilhas do lago Titicaca, imagino.

O brasileiro, esse ser criativo por natureza e pelas contingências da vida ("a necessidade é a alma da invenção"), sai na frente na batalha por um mundo mais limpo e lança moda: as verdadeiras sandálias da humildade.

Nem Nelson Rodrigues, original cunhador da expressão (e não os rapazes daquele programazinho de humor idiotizante...), poderia imaginar que suas sandálias da humildade teriam um apelo tão ecologicamente fashion.

Não vejo a hora de desfilar com as minhas. Quero que sejam da cor verde.

Mitologia Grega

Estas são algumas das ilustrações criadas para o livro O Herói e a Feiticeira, que está em fase de finalização. Estou usando nestas artes uma caneta chinesa excepcional, presente do meu amigo "Kako", criador e organizador do sensacional "Bistecão Ilustrado".

Sem dúvida "O Herói e a Feiticeira" é um dos melhores textos sobre os quais já tive a felicidade de trabalhar (a escritora é a Lia Neiva). Em breve nas livrarias.



Universidade

Esta saiu no Le Monde 3, em um artigo sobre universidades da Europa. Foi a ilustração mais rápida que já fiz até hoje (pouco menos de meia hora). Penso que, às vezes um prazo apertado é tudo o que precisamos para soltar a mão.

27.10.07

Não chores por mim Argentina


Acabo de chegar de Buenos Aires, uma bela e civilizada cidade onde todos os velhos têm cara de escritor, onde as garrafas de cerveja são de litro, onde os alfajores nos causam festa no palato e os churrascos não são lá grande coisa; onde deve-se tocar a campainha para entrar nos sebos, onde não se vêem pedintes ou ambulantes a vender balas nos sinais de trânsito, e onde o gene da calvície parece ainda não ter se instalado.

Para minha completa estupefação, notei que inexistem por lá pessoas negras. Sobre essa peculiaridade - contou-me um guia portenho - a explicação histórica está no desgracento século XVII, quando muitos deles foram enviados à guerra, e os poucos que ficaram - mulheres e crianças- foram dizimados por um surto de febre amarela e por isso não deixaram semente.
(um amigo do Rio Grande do Sul me conta uma história um tanto diferente...Segundo ele, o que houve mesmo foi o extermínio deliberado)



Como turista comprei algumas cositas, dentre elas um legitimo exemplar do chamado "Filete Porteño", tradicional artesania tipográfica local. Até os ônibus que circulam pela capital desfilam um ou outro detalhe em filete.

O velho mito de que a capital argentina é um dos locais no mundo onde se concentra o maior número de livrarias por habitante é uma mentira deslavada. Admito que fui para lá com meu coraçãozinho bibliófilo repleto de esperanças e acabei frustrado.

Em uma visita a um sebo no bairro da Recoleta, cheguei a ter em mãos dois exemplares dos tratados de ensino de desenho de Andrew Loomis, ambos a preços exorbitantes. Estes livros vão encalhar com certeza, roguei praga ao irredutível proprietário. Saibam todos que os livros do Loomis já se encontram disponíveis na internet em PDF para serem baixados gratuitamente. Dica do generoso amigo "Hiro Kawahara". (Não, o Hiro não é esse cara aí embaixo no desenho de Carlos Alonso)



O ponto alto das minhas garimpagens bibliomaníacas foi um livro ilustrado pelo fenomenal dibujante argentino Carlos Alonso. "La Guerra Al Malon" narra o conflito entre o exército argentino e os índios que estrangulavam a vila de Buenos Aires há uns duzentos e tantos anos atrás. Creio que foi este mesmo livro que caiu nas mãos do ilustrador Miran, que dedicou a Carlos Alonso várias páginas de sua revista Grafica. As imagens são estas que você vê.





"Enquanto os brasileiros já nascem sabendo jogar bola, os argentinos já nascem sabendo desenhar", disse certa vez um importante artista brasileiro (cujo nome não cito por não ter certeza se é ele mesmo o autor da frase). Pergunto-me: será que pouco mais de meia dúzia de artistas lapidares (Nine, Munõz, Breccia, Carlos Alonso, o uruguaio Sábat, etc) justificaria esta fama?

Dentre os pontos altos desta viagem vale citar uma visita ao bairro de Palermo Soho, onde fica uma loja chamada "Papelera Palermo", que vende uns bons papéis artesanais, sketchbooks e livros de artista em edições limitadas. Também se encontram naquela região muitas lojas com trabalhos autorais bastante criativos (moda, objetos de design etc). Encontrei também em Palermo próximo a uma praça chamada Julio Cortázar, circundada pela rua Jorge Luis Borges, boas livrarias, cds e bares bons para se entornar uma Quilmes de litro bem gelada acompanhada de umas empanadas.

O Cemitério da Recoleta é um lugar interessante para ser visitado, e algo ali me fez crer ainda mais fortemente que o ser humano é um animal muito esquisito.

O museu Malba tem um acervo irregular, com muita merda como aquela coisa feia chamada Abaporu e também uns quadros engana-trouxas feitos pelo Hélio Oiticica e a Lígia Clark. Claro, existem também algumas belas obras cubistas do Diego Rivera, algumas visões da Frida Kahlo, e uns outros artistas cujos nomes foram ofuscados pelas coisas absolutamente medíocres e indigentes ao redor (será que usa-se a arte contemporânea para lavar dinheiro?).


O Malba é, até certo ponto, como o MAC de Niterói (cidade onde moro): vale pela visita ao prédio. Arrisco-me a dizer que a arquitetura arrojada tem sido a tábua de salvação dos museus de arte contemporânea pelo mundo afora.

Infelizmente minha curta visita não incluiu o final de semana, quando acontece a feira de antiguidades de San Telmo, que dizem ser muito boa.

De volta ao Brasil, penei pelas intermináveis conexões aéreas, entrei em aviões com o mesmo pensamento de sempre ( "se esta merda cair eu não terei a menor chance"), virei noite acordado no aeroporto de Porto Alegre e agora, demonstro sinais de completa insanidade ao gastar meu precioso tempo de dormir escrevendo reminiscências e irrelevâncias às duas e meia da manhã.

17.10.07

O sétimo Selo



O cavaleiro Antonius Block retorna das cruzadas e, numa praia deserta, cai de joelhos em oração. De olhos cerrados e expressão amarga, sussurra algumas palavras.
Atrás dele está uma figura de negro. Sua face é muito pálida e as mãos escondem-se sob as grossas dobras do seu manto.
Block se assusta e diz:
"Quem é você?"
"Sou a morte", responde mansamente a figura de negro.
"Veio me buscar?", indaga o cavaleiro.
"Na verdade, tenho andado a seu lado por um longo tempo"
"Isso eu sei..."
"E você, está preparado?", pergunta a morte
"Meu corpo está assustado, mas eu não."
"Bem, não há vergonha alguma em admitir isso"
O cavaleiro ergue-se. Ele treme. A morte abre sua capa e prepara-se para envolvê-lo em seu frio abraço.
"Espere um momento!", o cavaleiro grita.
"Ah, claro, é o que todos dizem nesta hora...Não posso adiar isso!", retruca a morte.
"Você joga xadrez, não?", pergunta o esperançoso Antonius Block.
Subitamente um brilho de interesse cintila no olhar da morte.
"Mas...como você sabe disso?", ela o questiona.
"Já a vi assim em pinturas, já ouvi falar disso em canções..."
"Sim, de fato sou um jogador de xadrez muito bom", a figura de negro concorda com um leve sorriso.
"Mas você não é capaz de jogar melhor do que eu!", desafia o cavaleiro, já vasculhando uma bolsa surrada para dela sacar um pequeno tabuleiro de xadrez, que coloca cuidadosamente no chão.
" E por que você deseja jogar xadrez comigo?", pergunta a morte.
"Eu tenho minhas razões...", diz o cavaleiro, dedos afoitos a posicionar as peças em seus devidos lugares.
"Sim, este é um privilégio seu", diz a morte.
Antonius Block estende suas duas mãos fechadas para a morte, para que ela escolha com qual das peças deseja jogar.
Ele diz:
"A condição é que eu possa viver enquanto estiver jogando esta partida de xadrez contra você. Se eu ganhar, você me liberta. Concordamos?"
Sem nada dizer, a morte simplesmente aponta para uma das mãos do cavaleiro, que, ao abrir-se, mostra um peão negro.
"Você tirou o negro!", ele se surpreende.
A morte responde:
"Bastante apropriado, não acha?"
E então os dois oponentes debruçam-se sobre o tabuleiro. Após um momento de hesitação, Antonius Block abre o jogo com o peão do rei.

-––––––––––––––––––

A Ilustração foi criada para a exposição Cinema Desenhado, que vai acntecer em São Paulo em Novembro. Para saber onde e como chegar no local, clique no título.

14.10.07

As Irrelevâncias da Arte



Um artista performático implantou uma "terceira orelha" no seu antebraço esquerdo.

E nossa, quase que o eixo do mundo das artes mudou de inclinação com tamanha façanha!

O nome do artista não interessa porque não vou fazer aqui publicidade de um bobo. E que bobo é esse cara...

Durante dez anos ele procurou um cirurgião que aceitasse fazer a controvertida operação, até que conseguiu um. Um idiota que merecia perder o diploma, ou que fez do juramento de Hipócrates seu papel higiênico.

Primeiro a tal orelha foi "cevada" em laboratório a partir de células humanas. Com um conta gotas derramou-se um fluido rico em células que, então, se reproduziram sobre uma estrutura porosa esculpida com a forma da orelha. A técnica foi a mesma que resultou nessa orelha escrotésima aí implantada nas costas do rato.

O bobão do artista declarou à imprensa que, assim que a orelha estiver totalmente desenvolvida, ele espera poder implantar um microfone no antebraço "para que as obras dialoguem entre si".

Repassei esta estrondosa notícia para a lista do Diário Gráfico sob o título "As Irrelevâncias da Arte Contemporânea".

Um amigo ilustrador, inteligente, talentoso, gente fina e inclusive bastante conhecido de todos me escreveu para opinar sobre a dita obra:

"Alarca, ele bem que podia implantar um cu e cagar pelo cotovelo.

Boring..."

Obra de arte ou a arte de "obrar" ? Cartas para a redação.

12.10.07

Zohar




Finalmente recebi fotos de quem esteve no stand da editora espanhola SM na Bienal do Rio.

Não consegui ir a Bienal, em parte porque não podia parar o que estava fazendo na ocasião, e também porque cheguei à conclusão que, todos os livros que me interessam no momento já estão na minha estante somente aguardando leitura.

O Stand da SM segue o design da capa do catálogo da editora, com uma ilustração que fiz sobre o Zohar, o livro da sabedoria judaico. Ela foi publicada no livro ABC do mundo judaico.

8.10.07

Perdeu playboy!



8 de outubro de 2007.

Saiu hoje na Folha de São Paulo um artigo de Ferréz, nome literário de Reginaldo Ferreira da Silva, 28 anos. Ele escreveu ‘Capão Pecado‘ (Labortexto, 2000), um romance sobre o cotidiano violento do bairro do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, onde vive. É de autoria dele também o ‘Manual Prático do Ódio‘ publicado pela Objetiva".

O seu artigo na Folha de São Paulo foi uma réplica ao que foi escrito na semana anterior por Luciano Huck, vítima recente de um assalto no trânsito, onde os motoqueiros levaram seu "Rolecão". Não li o artigo do Huck, porém a mídia (ah a mídia...) deu grande destaque à frase "chamem o Capitão Nascimento", que consta lá em algum parágrafo.

Ferrez escreveu diferente a sua versão. Fez uma breve crônica do cotidiano, com um ritmo sincopado de um hip hop, meio reportagem, meio "a vida como ela é". E eu curto muito esse tipo de abordagem literária.

" A hora estava se aproximando, tinha um braço ali vacilando. Se perguntava
como alguém pode usar no braço, algo que dá pra comprar várias casas na sua
quebrada. Quantas pessoas que conheceu, trabalharam a vida inteira, sendo
babá de meninos mimados, fazendo a comida deles, cuidando da segurança e
limpeza deles e no final ficaram velhas, morreram, e nunca puderam fazer o
mesmo por seus filhos.

O escritor do Capão Redondo finaliza o artigo assim:

"No final das contas todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha
de mais valioso que é sua vida, e o correria ficou com o relógio.
Não vejo motivo pra reclamação, afinal num mundo indefensável até que o rolo
foi justo para ambas as partes."

24.9.07

Oficinas no Sul do Brasil em Outubro


Uma mensagem para o povo criativo da região dos pampas gaúchos.

Eu e minha mulher, Rosa Guimarães, levaremos duas de nossas oficinas para o Rio Grande do Sul em outubro: a do "Diário Gráfico" e a "Encadernação: A estrutura do Livro".

Quem participa destas oficinas nunca mais lê um caderno ou livro da mesma forma.

"Os livros e cadernos passam a ser o suporte do "desabafo" criativo. Fazê-los e preenchê-los se tornam ao mesmo tempo uma aventura e uma brincadeira, e muitas vezes dessa forma descompromissada e sem medo saem trabalhos incríveis.
Com a Rosa aprendemos que encadernar também é um trabalho autoral, artístico. Diga-me o caderno que encadernastes e te direi quem és....
No Diário Gráfico aprendemos que tudo pode ser colado, carimbado, escrito, recortado e manchado. Que saber desenhar vale menos do que a coragem de experimentar e de usar materiais inusitados. Aqui o erro tem muito valor: sem a tecla do "undo" do computador você aprende a olhar o erro como possibildade, como um novo desafio, e graças a "acidentes" felizes muitas texturas foram descobertas...
E tem o "coletivo-criativo"-–essa experiência de criar com outras pessoas ao mesmo tempo, trocar, compartilhar.
Além de tudo isso tem um presente no final: um livro feito por você mesmo, a partir de fragmentos dos seus trabalhos. Um livro repleto de possibilidades, de pedaços que se tornarão outros pedaços.
O primeiro livro, quem já fez, sabe, nunca se esquece..."

A oficina "Diário Gráfico" vai acontecer em Passo Fundo nos dias 18 e 19 de outubro e depois em Porto Alegre nos dias 20 e 21, ali no Centro Cultural Érico Veríssimo. Para se inscrever no curso em Porto Alegre, escreva para a Letraria Design em letraria@letrariadesign.com.br ou visite a seção "Cursos" do site deles.
Para participar desta mesma oficina em Passo Fundo entre em contato com o Atelier Ogaraity pelo mailcontato@ogaraity.com.br . Os cursos estão na primeira página do site deles.

A oficina "Encadernação: A estrutura do Livro" vai acontecer somente na cidade de Passo Fundo, nos dias 20 e 21 de Outubro, também no Atelier Ogaraity.

14.9.07

Bienal do Rio

Aos ligados nos biblioassuntos mais recentes, falemos da Bienal do Rio, que começou indagorinha há pouco.

Minha primeira dica é passar no estande da editora espanhola Edições SM (digo, sua filial no Brasil).
Procurem pelos infantis da série ABC, e não deixem de ver os livros ilustrados por artistas excepcionais, tanto daqui do Brasil (Cárcamo, Alê Abreu) e do exterior.
O livro ABC Judaico estará à venda, e o considero o meu melhor trabalho recente. Clicando no "guia de leitura", você vai conhecer mais a fundo o conteúdo do livro.

As outras dicas eu não sei, pois não tive tempo de acompanhar o assunto. Fui!

29.8.07

ABC do Mundo Judaico


Acabo de receber meu mais recente trabalho, o livro ABC do Mundo Judaico, escrito por Moacyr Scliar.

Esta é uma publicação da Edições SM, e veio para juntar-se ao "ABC do mundo africano", e ao "ABC do mundo árabe", este último, primorosamente ilustrado pelo meu amigo Alê Abreu

Um dos melhores aspectos da minha profissão é que, a cada projeto, temos oportunidade de ampliar nossa cultura, e, no caso deste livro, foram muitas horas navegando na internet, assistindo a filmes maravilhosos (não percam Al Pacino como Shilock em "O Mercador de Veneza". Fascinante!) e muitas, muitas leituras interessantíssimas.

Dentre os textos que li, destaco "A Alma Imoral", livro do rabino Nilton Bonder. A peça teatral de mesmo nome, uma adaptação da atriz Clarisse Niskier, é um monólogo profundo sobre diversas questões existenciais sob a ótica judaica. Sozinha no palco, com apenas um tecido sobre seu corpo nu, Clarisse Niskier é uma aparição sábia e maravilhosa. Ela ganhou o prêmio de melhor atriz este ano por esta adaptação.

Lembro-me que, logo no início da peça "A Alma Imoral", a protagonista revela-se uma judia-budista, e conta que, num programa de TV, o rabino Bonder foi um dos únicos que a defenderam em um debate acalorado que se seguiu à esta afirmação. É importante buscar - e encontrar - identificação com os aspectos positivos presentes em todas as religiões, já que, a princípio, elas buscam a elevação espiritual do homem.

Neste momento, graças a este trabalho no ABC judaico, percebo-me um admirador muito mais consciente das causas do povo judeu. E sinto-me também mais à vontade para crer-me um católico-budista-judeu, curioso sobre isso e aquilo etc e tal.

O prefácio do ABC do Mundo Judaico é do Bibliófilo José Mindlin, que diz, dentre outras coisas, o seguinte:

" Este ABC vai mostrar a vocês a tradição de um povo que tem perto de 6 mil anos e de uma religião com a mesma idade. Nesse tempo foi-se desenvolvendo uma cultura bastante variada, que se apóia no gosto pelos livros e pela leitura. Fala-se até dos judeus como o "povo do livro""

E ao final ele completa:

"Depois de ler este livro, leia também o ABC do mundo árabe. Na briga entre judeus e árabes da Palestina, os dois têm razão e os dois estão errados, brigando como agora. Espero que, após a leitura, vocês percebam o que está errado e se convençam de que todos os povos do mundo devem viver em paz."

A capa que você vê na foto é uma releitura do trabalho em vitrais criado pelo pintor Marc Chagall para uma sinagoga em Jerusalem.

13.8.07

Tô na TPM



Nada de tensões pré-menstruais. Tô na paz e sem chorinho (apesar da carranca na foto).
Falo da revista "Trip para Mulheres" (que é muito boa!)
A edição de Agosto (com o Gianechinni photoshopado na capa) tem excelentes matérias. Destaque para as da Cynthia Howlett (de quem partiu a sugestão do meu nome) e também uma outra sobre senhorinhas de 60 e 70 anos com passado de guerrilheiras.

Ilustrando em Revista


Vai até 26 de Agosto a exposição Ilustrando em Revista, promovida pela editora Abril.
Acontece em Belo Horizonte, no Museu de Artes e Ofícios.
Estão lá, além de 506 ilustrações, 177 ilustradores e 39 anos de história, uma pequena mostra paralela chamada "Arte como Ofício", com trabalhos de 7 artistas e seus processos criativos: Cárcamo, Marcelo Gomes, Benício, Carlo Giovani, Negreiros, Fernando Vilela, e eu (com meus sketchbooks).

Para visualizar as ilustrações, fotos e etcéteras, clique no título.
Aproveito para deixar aqui um beijo para a Bebel Abreu (na foto junto com Alceu Nunes, designer fera e mentor da idéia). Ela é quem cuida com todo amor e carinho da itinerância desta exposição, e me contou que este evento é o maior recorde de público desde a criação do museu. Aliás, a exposição tem batido recordes de público em todas as cidades por onde passou. Quero ver essa festa no Rio em 2008!

Não quero a linha reta e inflexível



"Quando uma forma cria beleza tem na beleza sua própria justificativa."

Entendo que Niemeyer é o criador não somente de estruturas e espaços incrivelmente originais, mas também o arquiteto de frases belíssimas, que contrastam simplicidade e profundidade.

Ao longo dos anos venho registrando em cadernos tudo aquilo que capta minha atenção: imagens, palavras, desenhos, colagens aquarelas, coisas que encontro, enfim, toda e qualquer matéria que estimule a educação do meu olhar. Neste ponto acredito e sigo a máxima do mestre: procuro não me limitar å aprendizagem do meu metier, mas também ler bastante, ir ao cinema, ouvir boa música, enfim, tudo que me permita melhor conhecer meu ambiente cultural. Também me agrada muito mais a curva livre e sensual do que a linha reta e inflexível!
Estas páginas do meu sketchbook refletem justamente este contraste entre a beleza das curvas da mulher, e a rigidez dos cânones arquitetônicos. A aquarela livre e gestual emoldura a frase do arquiteto-poeta, e combina-se com o croqui das colunas clássicas.
A arte destas páginas participou de uma exposição sobre Niemeyer, homenageado este ano pelo Festival Internacional de Quadrinhos, realizado em Belo Horizonte.
(Para conhecer um pouco mais sobre o arquiteto, clique no título e vá ao site inacreditavelmente humilde da Fundação Niemeyer)

Processo de Criação

Aproveitando a data festiva de Agosto, aproveito para relembrar um artigo publicado numa revista. Para ler, basta clicar no link do título.

Leitura de domingo levemente triste


Acabo de ler o livro Caligrafias, de Adriana Lisboa.
Lindo, lindo, lindo. Até o espaço entre as palavras.

Certa vez participei de um curso de contos em que ela era a professora. Não consegui escrever uma linha sequer. Clique para se aquecer com as coisas que ela escreve.

10.8.07

Le Monde Diplomatique, alimento pra cabeça (e para os olhos)



Já está nas bancas a primeira edição do Le Monde Diplomatique em sua versão brasileira, que veio preencher um espaço que estava vazio na nossa imprensa, oferecendo um olhar crítico e analítico sobre o mundo e o país.

O projeto gráfico está nas mãos de Daniel Kondo, ilustrador e designer, que me deu a honra de criar a ilustração que está na capa desta edição histórica.

Além do melhor do jornalismo mundial, com análises aprofundadas sobre grandes temas econômicos, sociais, políticos, culturais e filosóficos, o mensário traz uma proposta visual que apóia-se firmemente no uso de ilustrações. E os desenhos estão em quase todas as páginas, com trabalhos de Claudius, Seymour Chwast (do legendário Pushpin Studio), Tide Hellmeister, dentre outros.

Graças à experiência do Kondo, que conhece bem o lado de cá, todo o trabalho de criação da capa foi desenvolvido da forma certa: o ilustrador teve total liberdade para sugerir uma imagem que melhor traduzisse o tema "América Rebelde". Melhor dizendo, nenhum jornalista se meteu a "brifar" o conteúdo do desenho.



Desta maneira, apresentei 3 idéias, das quais partimos para a finalização desta que representa uma realidade na atual sociedade americana: o desconforto dos cidadãos americanos com a apropriação dos seus símbolos mais sagrados por uma classe política que tem em Bush seu sacerdote-mor.
Vejam só essa... meus amigos americanos contam que desistiram de pendurar a "star and stripes" nos mastros à porta de suas casas depois de constatar que sua bandeira tornou-se escudo moral para os desgovernos republicanos.



Então é isso. Corram para comprar a sua edição do Le Monde Diplomatique. São 40 mil exemplares e, pelo que fiquei sabendo, as bancas já estão pedindo reposição de estoque.

A ilustração editorial brasileira merecia este espaço!