23.5.08

O melhor que a imaginação dos gregos foi capaz de criar



Na quinta-feira dia 29 de Maio, estive na Feira de Livros para Crianças e Jovens (no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) para o lançamento de "O Herói e a Feiticeira".

Este é uma das melhores narrativas de aventura que já tive a oportunidade de desenhar. Estão lá deuses mitológicos, príncipes, feiticeiras, criaturas fantásticas, ilhas de pedra que se movem, enfim, o melhor que a imaginação dos gregos foi capaz de criar.

O texto - primoroso - é da escritora Lia Neiva. É para ler inteiro e num fôlego só.

Este é um livro que vai agradar aos jovens muito mais do que qualquer desses Harry Potters que se vêem por aí, tenham certeza.

21.5.08

Salão do Livro infantil


O 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens já terminou com recorde de público (10 mil pessoas a mais que na edição anterior). Entre 21 de maio e 1º de junho o evento reuniu 66 editoras com os mais recentes lançamentos para o público infantil e juvenil, além de autores e ilustradores de todo o país.

Este ano participei de algumas atividades muito especiais junto ao público de jovens leitores.

Comecei o dia às 10h falando das minhas invencionices ilustrativas no espaço Petrobrás. A molecada aprendeu que um simples desenho de um feijão serve de base para desenhar qualquer bicho. Aprendi essa com minha mãe, que era alfabetizadora. No tempo em que ela dava aulas, todas as crianças terminavam o primário sabendo escrever e desenhar. Dona Helena Alarcão é hoje nome de CIEP na Baixada Fluminense!



Às 11h participei da performance dos ilustradores (conhecida nos bastidores como o mico dos ilustradores, hehe), junto com meu querido colega Maurício Veneza. É impressionante como se aprende coisas novas nas mais inusitadas situações...Durante a entrevista (conduzida pela ilustradora Rosinha Campos), Veneza falou coisas que acenderam a imaginação das crianças.

"Eu sei que dentre vocês crianças existe um ou outro coleguinha que tem a fama de bom desenhista e tal só porque sabe copiar muito bem as figurinhas dos livros, os personagens, os pokemons, etc. Mas deixa eu lhes contar uma coisa...O importante mesmo é inventar da sua própria imaginação! Desenhar bem não é saber copiar, é saber criar coisas novas, tirá-las da sua própria cabeça".

Falou e falou bonito o Maurício Veneza.

À tarde houve o lançamento de "O Herói e a Feiticeira" com a presença de muitas crianças e alguns bons amigos. O livro está com um preço ótimo e vale a pena. Como de costume, sorteei algumas gravuras entre as crianças presentes.



Estas feiras são a melhor oportunidade para comprar livros bonitos e enriquecer a sua biblioteca. Não percam a próxima!

Para ver outras fotos legais, visite o site da Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil, realizadora desta bela festa. A entidade completou 40 anos de criação em 2008)

Umas coisas na cabeça


Não sei bem o que é, mas a sensação é de estranheza.

15.5.08

Diário Gráfico em Manaus



Em junho a palestra Diário Gráfico e Criatividade viaja para Manaus a convite do 18 Encontro Nacional de Estudantes de design.

Estudantes de design devem aproveitar o evento não somente para curtir as festinhas, tomar umas e outras e arrumar um(a) namorada(o), mas principalmente aprender nas oficinas e palestras.

14.5.08

Herói morto


É curioso como soa quase como redundância a palavra herói vir seguida de morto.

Dos heróis vivos nada se fala, não se cantam loas.

O ponto final fecha o círculo da jornada do herói, delineia o conjunto da obra. Só a morte mitifica, e morrer jovem e no meio do seu combate, torna o mito ainda mais forte.

Terminei nesta madrugada este retrato de um herói. Lembro bem da minha perplexidade quando ele morreu (e jamais imaginaria que 14 anos depois o pintaria).

Esta será minha maior ilustração até hoje. Sete por sete, ou melhor dizendo, sete andares de altura por sete metros de largura. Está programada para ser inaugurada no dia 15 de Junho. O meu herói terá a companhia de outros nove, cada qual feito por um artista diferente. Depois conto mais.

13.5.08

Morreu mais um


Ontem, segunda-feira 12 de Maio, morreu Robert Rauschenberg, um dos meus artistas favoritos.
Aquele cara tinha mesmo a panela das idéias sem tampa.
Vai-se o homem fica a obra. E ainda bem que não é o contrário.

O problema é que depois de morto o preço do artista sobe (e diminuem portanto minhas chances de adquirir uma obra dele).

11.5.08

Artur da Távola

Arthur da Távola, o cronista, se foi.

Eu ainda era um adolescente cheio de espinhas quando li seu livro "Mevitevendo". Foi a pedido de minha mãe (bença aí no céu no dia de hoje, mãe!). Ocasionalmente mamãe me pedia para ler um livro (eu era meio preguiçoso com leitura...). Foi assim com "O Menino do Dedo Verde", quando eu tinha uns 10 anos. Só fui ler este no ano passado e me arrependi de não ter escutado a dica de mamãe.

Ouça o que sua mãe diz. Poucas pessoas nos têm mais amor, poucas querem o nosso bem tanto quanto elas.

Quando a gente é novo e com pouca bagagem de leitura, é mais fácil que alguns livros deixem marcas duradouras. Descobri que depois de adulto até a lembrança dos livros que li no ano passado perde-se fácil em algum ralo da memória.

Mas daquele do Artur da Távola lembro-me bem. Ao final da última página de "Mevitevendo", tive a sensação de ter crescido um tanto, subido mais um humilde degrau na minha ainda parca experiência de vida.

Acho que esse livro só existe em sebos, pois nem no oráculo do Google aparece (e por favor não creiam na máxima que diz que "O que não está no Google não existe").

6.5.08

Fernando Meirelles



Essa arte em BIC foi para a propaganda da Nextel que saiu na revista Zupi.A agência foi a Loducca.
Os detalhistas podem ver mais perto aqui.

Quem me dera estar no mar



Por conta de um trabalho, passei alguns dias flanando por ali pelo coração de Ipanema a desenhar a fauna e a paisagem do lugar que, dentre outras histórias, foi berço da bossa-nova. Deus foi generoso com aquela parte do Rio!

Bem próximo ao limiar do stress (e nem chegamos ao meio do ano...) minha mente vagueia, rateia e titubeia e fico a lembrar de tempos mais tranquilos, quando tinha mais intimidade com o mar.

Nadar em mar aberto é a lembrança da qual meu corpo mais sente saudades. Mas não me convide para ficar sentado na areia da praia! Prefiro o cheiro de óleo e o som do motor de 2 tempos de uma velha traineira de pesca.

Preciso cuidar da minha saúde... Sentir o sal dissipar a naftalina dos pulmões, o sol a iluminar os lugares empoeirados da mente, e deixar que os ouvidos se inundem com o som de ondas grandes a quebrar.

Saudades dos jacarés em dia de ressaca, dos mergulhos em costões de pedra em busca de mariscos, dos corricos de pesca sendo arrastados no rastro de espuma branca da traineira.

Sob a água, tantas lembranças dos tempos de caça submarina...Me faz falta o relaxante estalar dos ouriços, o azul (todos os azuis!) e a visão dos cardumes prateados espelhando o sol ora aqui, ora ali no fluxo e refluxo do mar contra as pedras.

Viver precisa ser muito mais do que o convívio com lápis, pincéis, tintas, computadores, e-mails... Talvez no ano que vem eu consiga me resgatar.

1.5.08

Memórias de Fortaleza

De volta da simpática cidade de Fortaleza, onde estive a convite do SESC/SENAC- Iracema para relizar mais uma série de oficinas do Diário Gráfico, retomo a vida de ilustrador e também os assuntos alarcrônicos deste diário virtual.



Tivemos duas turmas 100% completas, um total de 40 pessoas, dentre elas profissionais de design, publicidade, arquitetura, moda, e também estudantes. Mais uma leva de gente criativa inoculada com o vírus dos processos criativos não-convencionais.






Acredito que, para a maioria dos participantes, este foi o início de uma estrada cheia de possibilidades novas. Se não foi assim, paciência, afinal toda unanimidade é burra (palavras do ranzinza Nelson Rodrigues).




As instalações do SESC/SENAC foram perfeitas para o trabalho, bem como a oferta de materiais (tintas, papéis, pincéis, etc). Por isso deixo registrados os agradecimentos ao Sergio Melo, que cuidou com atenção de todos os detalhes.




Quem conhece Fortaleza já deve ter ouvido falar em Dragão do Mar. Não se trata de uma lenda sobre alguma sereia baranga, mas sim o nome de um local histórico que hoje reúne um moderno complexo arquitetônico com centros culturais, um museu de arte contemporânea, um excelente café (Santa Clara) e diversos bares abrigados em casarões centenários. O local onde aconteceu a oficina do Diário Gráfico é exatamente ali.

Tive a sorte de estar no lugar certo e na hora certa. O SESC/SENAC sediava uma belíssima exposição de fotografias de moda, além do festival Palco Giratório, que trouxe grupos de teatro de todo o Brasil. Vi uma peça bacana do grupo Circo Minimal, de Porto Alegre. A atriz principal era uma galinha soprano de 15 cm de altura, na verdade um boneco manipulável. A peça durava 4 minutos e a tenda abrigava uma platéia de no máximo 7 pessoas.

Logo ali também, o Museu de Arte Contemporânea, acabava de encerrar uma exposição sobre graffitti. Cheguei a tempo de ver um simples pintor de parede fazer sua performance: devolver o branco institucional à parede do museu.



Logo em seguida o MAC de Fortaleza abriu a mostra 300% Spanish Design, que trouxe 100 cadeiras, 100 luminárias e 100 posters daquele país. Tomara que rode o Brasil inteiro.



Estive na abertura e babei com os posters de todas as épocas, trabalhos de Miró, Picasso, umas coisas da década de 60, 70 e 80, outras do Art Deco, do Art Nouveau, etc.



E as cadeiras? Uma mais maravilhosa que a outra. O design espanhol é sem dúvida um dos melhores do mundo.



Tinha também essa aí, com uma proposta mais, hum... conceitual e contemporânea. Muita vontade de ser original nénão?



E as minhas favoritas. A de metal é linda!



Curti muito a luminária que se encaixa entre os livros da estante.



No sábado saí com uns artistas locais (Thyago, Wendel, Julião, Dias e Rafael Limaverde , do coletivo de intervenções urbanas "Acidum"). Molhamos as palavras com uma bebida chamada "chope de vinho", enquanto os cabas iam contando piadas de cearenses e causos sobre assuntos aleatórios que arrebentaram com as comportas de risos e gargalhadas deste pobre carioca. Neste momento ainda me recupero de uma distensão muscular nas costas que, acredito, é o resultado desta noite infame.

Como nem tudo é trabalho, no domingo consegui dar uma esticada até a bela Praia do Futuro no final da tarde, para dar um bronze na minha testa de amolar facão. Que maravilha, água morna e o sol baixo a desenhar aquelas sombras compridas na areia. Mas foi rapidinho, tempo apenas pra molhar os fundilhos, tomar uma água de coco e partir de volta.



Na volta peguei um micro-ônibus cujos altos-falantes tocavam pérolas do cancioneiro local e forrós com letras pra lá de safadas("Quem é o góstosão daqui, sou eu, sou eu, sou eu...", "Vou te deixar tesuda, vou ...").
O povo cantarolava e eu só pensava: "que experiência antropológica!".

Abaixo, palestra sobre ilustração editorial nas Faculdades do Nordeste - Fanor.



Voltei de Fortaleza com a missão cumprida e cheio de novos amigos de infância. Estou com os dentes no varal (Segundo o Dicionário do Ceará, rindo à toa) e o coração radiante. Logo logo tem mais.