21.12.07

A fina camada de verniz que nos protege


E por falar em fim do mundo, recentemente fiz-me o favor de assistir ao documentário do Al Gore, ganhador do Oscar (o filme), e do Nobel da Paz (o homem).

A julgar pelo prestígio das duas academias, tenho certeza de que o que se diz ali sobre o aquecimento global é a versão mais próxima dos fatos que seguem acontecendo lá fora deste meu ambientezinho particular com ar-condicionado.

Al Gore, o ex-futuro presidente dos EUA teve como mestre um cientista pioneiro na pesquisa dos efeitos da poluição através de medições do nível de CO2 na atmosfera. Graças a este registro, foi possível acompanhar claramente a evolução do problema até chegarmos o momento atual. Toda esta história é descrita no documentário como uma envolvente aula audiovisual sobre o Aquecimento Global, que é hoje uma ameaça real à continuação da trajetória do homem sobre a terra.

Por isso o filme "Uma Verdade Inconveniente" é absolutamente necessário. Amigos, vejam o filme, informem-se. Façam isso por favor.

A maioria das pessoas não tem idéia da fragilidade da atmosfera que envolve a Terra. Para efeitos de comparação, se pegássemos um daqueles globos escolares de plástico e pintássemos sobre ele uma leve demão de verniz, aquela seria a espessura relativa da atmosfera terrestre (conforme disse o falecido Carl Sagan, astrônomo, autor da bem sucedida série de TV "Cosmos")

Na mesma semana em que assisti ao filme do Gore, chegou a minha National Geographic, uma revista maravilhosa que há 120 anos vem escrevendo a história do que acontece neste planeta. O aquecimento global é o tema da capa deste mês. Reproduzo abaixo seu parágrafo final, sombrio nas entrelinhas e repleto de inquietantes "talvez":

"Sem dúvida, o aquecimento global vai ser a maior prova com que nós, os seres humanos , já nos defrontamos. Mas estamos prontos para mudar, de maneira dramática e prolongada, a fim de proporcionar um futuro viável às próximas gerações e à biodiversidade do planeta? Se estivermos dispostos a tanto, as novas tecnologias e os novos hábitos talvez consigam nos oferecer uma saída. Entretanto isso só vai acontecer se agirmos com rapidez e decisão - e com uma maturidade que raramente demonstramos enquanto sociedade ou espécie. Esse vai ser o nosso grande rito de passagem durante o qual não teremos nenhuma certeza de ou garantia de êxito. É apenas uma janela de oportunidade que ainda está aberta, por pouco tempo, mas ainda suficiente para deixar passar um raio de esperança."

O que mais entristece nesta história não é a possibilidade da minha morte ou a dos meus descendentes, mas o desperdício do legado da humanidade. O registro da incrível habilidade e diversidade criativa da nossa espécie não devia ficar de herança somente para os arqueólogos do futuro.

Um comentário:

Ralph Antunes disse...

Que arqueólogo, cara pálida???