Em um trabalho recente tive a impressão de ter psicografado algum ectoplasma do poeta Augusto dos Anjos, parnasiano-expressionista dos mais originais que já li. Aliás, também soturno e obscuro.
A imagem feita com tinta de pó de ferrugem mostra apenas um detalhe do spread original. Nela coloquei um pedaço da página de um velho dicionário que era do meu avô (do tempo do telephone).
Agora um poema do poeta para quem "A podridão serviu de evangelho".
Mais atual impossível.
"Idealização da humanidade futura"
Rugia nos meus centros cerebrais
A multidão dos séculos futuros
- Homens que a herança de ímpetos impuros
Tornara eticamente irracionais! -
Não sei que livro, em letras garrafais
Meus olhos liam! No húmus dos monturos,
Realizavam-se os partos mais obscuros,
Dentre as genealogias animais!
Como quem esmigalha protozoários
Meti todos os dedos mercenários
Na consciência daquela multidão...
E, em vez de achar a luz que os Céus inflama
Somente achei moléculas de lama
E a mosca alegre da putrefação!
4.6.09
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Um comentário:
huahaha, eu havia escrito EXCTOPLASMA!
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