De volta da simpática cidade de Fortaleza, onde estive a convite do SESC/SENAC- Iracema para relizar mais uma série de oficinas do Diário Gráfico, retomo a vida de ilustrador e também os assuntos alarcrônicos deste diário virtual.

Tivemos duas turmas 100% completas, um total de 40 pessoas, dentre elas profissionais de design, publicidade, arquitetura, moda, e também estudantes. Mais uma leva de gente criativa inoculada com o vírus dos processos criativos não-convencionais.




Acredito que, para a maioria dos participantes, este foi o início de uma estrada cheia de possibilidades novas. Se não foi assim, paciência, afinal toda unanimidade é burra (palavras do ranzinza Nelson Rodrigues).


As instalações do SESC/SENAC foram perfeitas para o trabalho, bem como a oferta de materiais (tintas, papéis, pincéis, etc). Por isso deixo registrados os agradecimentos ao Sergio Melo, que cuidou com atenção de todos os detalhes.


Quem conhece Fortaleza já deve ter ouvido falar em Dragão do Mar. Não se trata de uma lenda sobre alguma sereia baranga, mas sim o nome de um local histórico que hoje reúne um moderno complexo arquitetônico com centros culturais, um museu de arte contemporânea, um excelente café (Santa Clara) e diversos bares abrigados em casarões centenários. O local onde aconteceu a oficina do Diário Gráfico é exatamente ali.
Tive a sorte de estar no lugar certo e na hora certa. O SESC/SENAC sediava uma belíssima exposição de fotografias de moda, além do festival Palco Giratório, que trouxe grupos de teatro de todo o Brasil. Vi uma peça bacana do grupo Circo Minimal, de Porto Alegre. A atriz principal era uma galinha soprano de 15 cm de altura, na verdade um boneco manipulável. A peça durava 4 minutos e a tenda abrigava uma platéia de no máximo 7 pessoas.
Logo ali também, o Museu de Arte Contemporânea, acabava de encerrar uma exposição sobre graffitti. Cheguei a tempo de ver um simples pintor de parede fazer sua performance: devolver o branco institucional à parede do museu.

Logo em seguida o MAC de Fortaleza abriu a mostra 300% Spanish Design, que trouxe 100 cadeiras, 100 luminárias e 100 posters daquele país. Tomara que rode o Brasil inteiro.

Estive na abertura e babei com os posters de todas as épocas, trabalhos de Miró, Picasso, umas coisas da década de 60, 70 e 80, outras do Art Deco, do Art Nouveau, etc.

E as cadeiras? Uma mais maravilhosa que a outra. O design espanhol é sem dúvida um dos melhores do mundo.

Tinha também essa aí, com uma proposta mais, hum... conceitual e contemporânea. Muita vontade de ser original nénão?

E as minhas favoritas. A de metal é linda!

Curti muito a luminária que se encaixa entre os livros da estante.

No sábado saí com uns artistas locais (Thyago, Wendel, Julião, Dias e
Rafael Limaverde , do coletivo de intervenções urbanas
"Acidum"). Molhamos as palavras com uma bebida chamada "chope de vinho", enquanto os cabas iam contando piadas de cearenses e causos sobre assuntos aleatórios que arrebentaram com as comportas de risos e gargalhadas deste pobre carioca. Neste momento ainda me recupero de uma distensão muscular nas costas que, acredito, é o resultado desta noite infame.
Como nem tudo é trabalho, no domingo consegui dar uma esticada até a bela Praia do Futuro no final da tarde, para dar um bronze na minha testa de amolar facão. Que maravilha, água morna e o sol baixo a desenhar aquelas sombras compridas na areia. Mas foi rapidinho, tempo apenas pra molhar os fundilhos, tomar uma água de coco e partir de volta.

Na volta peguei um micro-ônibus cujos altos-falantes tocavam pérolas do cancioneiro local e forrós com letras pra lá de safadas("Quem é o góstosão daqui, sou eu, sou eu, sou eu...", "Vou te deixar tesuda, vou ...").
O povo cantarolava e eu só pensava: "que experiência antropológica!".
Abaixo, palestra sobre ilustração editorial nas Faculdades do Nordeste - Fanor.

Voltei de Fortaleza com a missão cumprida e cheio de novos amigos de infância. Estou com os dentes no varal (Segundo o Dicionário do Ceará, rindo à toa) e o coração radiante. Logo logo tem mais.