18.12.07

O fim do mundo (pela via nuclear)


Certa vez um ilustrador americano das antigas contou-nos a paranóia que era viver nos EUA sob o pânico da ameaça nuclear russa na década de 50.

Nas escolas, as crianças eram submetidas semanalmente aos "nuclear evacuation drills", ou seja, ensaios de evacuação do prédio em caso de catástrofe nuclear. Ocasionalmente fazia-se também o "ensaio de entrada no bunker atômico", um cubículo que era pouco mais que uma pequena piscina subterrânea com paredes de concreto e chumbo, um teto ligeiramente arqueado para cima, com umas escotilhazinhas redondas e estreitas. Coisa para habitar o mundo dos pesadelos daquela molecada (e o menino Marshall ali incluído).

E os filmes? Mostravam testes atômicos, flashes que cegavam momentaneamente as platéias nos cinemas com imagens recentes do grande cogumelo de isótopos a abrir seu túnel nas nuvens mais altas da atmosfera. Cortes cinematográficos para casas, árvores e postes sendo rasgados por ventos de fogo e metal; som altíssimo com ruídos interrompidos apenas pela voz alarmante do locutor.

Havia também o Sputnik que, atrevido, enviava "bips" do espaço acima das cabeças dos americanos. O pequeno satélite russo era a própria materialização dos fantasmas que rondavam aquela época quando o fim do mundo estava tão próximo. E lá se vão 50 anos.

A imagem deste post é parte do ensaio gráfico "Heaven Departed," de Marshall Arisman, onde o artista descreve por imagens o impacto emocional e espiritual da guerra nuclear sobre a sociedade humana.

Um comentário:

Marlowa disse...

que loucura...fico feliz em ser brasileira e ter nascido em 1966, e por falar em ano, vim aqui para dizer-te que admiro muiiiiiiiiiiiito o teu trabalho e desejar-te um 2008 ainda mais criativo e iluminado do que já o é Renato Alarcão!!!