14.11.06

A cor


Em 1666, Isaac Newton publicou sua célebre obra "Opticks" onde descreve dentre outras coisas o procedimento que resultou na decomposição da cor branca em sete cores principais. Esta foi uma idéia que, de certa forma, resgatou uma teoria ainda mais antiga, formulada por Aristóteles. O grego defendia a tese de que o fenômeno da cor era nada mais do que um enfraquecimento da luz branca, ou, melhor dizendo, o resultado da interação da luz branca com a obscuridade. E disse ainda que, além do branco e do preto, eram sete as cores principais.
Quase duzentos anos antes de Isaac Newton, Leonardo da Vinci já havia se detido sobre o fenômeno da cor e observado que "o branco, visto ao sol e ao ar, tem sombras azuladas, pois o branco não é uma cor senão o resultado de outras cores". Antecipando-se a Isaac Newton, Da Vinci formulou sua própria teoria:
" Chamo de cores simples aquelas que não podem ser feitas pela mescla de outras cores...O branco - se bem que alguns filósofos não aceitem nem ao branco nem ao preto como cores - porque um é a causa do outro, e o outro a privação da cor...Enfim, o branco colocamos em primeiro lugar. O amarelo, o verde, o azul, o vermelho e o preto vêm em continuação..."
Desde muito tempo, foram célebres os cérebros (!) que se detiveram no estudo do fenômeno da cor, de Demócrito e Platão, Goethe, os impressionistas e também Josef Albers e os visionários da escola Bauhaus. Filósofos, místicos, físicos, astrólogos e até artistas deram seus pitacos a respeito.
A cor é um tema onde se combinam conhecimentos de física, óptica, neurologia, química, psicologia, e mesmo antropologia e história. O estudo sobre elas pode ser uma experiência apaixonante ou tediosa, a depender do livro que lhe caia nas mãos (eu por exemplo nunca consegui ler o "Da Cor à Cor Inexistente", considerado a "vaca sagrada" na literatura técnica da cor por aqui pelo Brasil).
De todas as formas de estudo de cor, existe uma que considero das mais apaixonantes: pegue um bom livro com obras de Marc Chagall, Van Gogh, Hokusai, Odilon Redon, Basquiat, Rauschenberg, Mark Rothko, Wayne Thiebald, Richard Diebenkorn, enfim, escolha o seu...Busque identificação com os seus coloristas; assim como nos deixamos influenciar pela forma, deixemo-nos influenciar e embriagar pela paleta dos mestres. E que se fodam as teorias sobre comprimentos de onda e estímulo de cones e bastonetes!

2 comentários:

Gabriela disse...

Kandinsky também escreveu muitas teorias sobre cor. A sua cor favorita era o azul e ele acreditava que cada cor tinha propriedades emocionais, a cor não era apenas um espectro mas podia emocionar a alma. O título do livro em espanhol é "De lo espirtual en el arte". Parabéns! Tá bogando quase todo dia!!!

Alarcão disse...

Pois é o Kandinski é um dos visionários da Bauhaus cujo nome ficou nas entrelinhas. Lembro que no livro "Do espiritual na Arte", ele falou que a cor verde era como uma vaca preguiçosa à sombra (ou algo assim). Vai entender...