2.5.10

Revista Ilustrar 16 pronta para baixar

Clique no título e baixe gratuitamente a melhor revista de ilustração do Brasil.


Muito além das belas imagens, a Ilustrar traz conteúdo relevante e compartilha a experiência de grandes ilustradores profissionais.

Participei da primeira edição e também da Ilustrar 11 com um passo-a-passo do livro 36 Vistas do Cristo Redentor. A partir da edição 12 passei a assinar a coluna nacional.

Para esta edição 16, sugeri o nome do veterano ilustrador Trimano, cujo trabalho impressionou de tal forma o editor da Ilustrar que acabou indo parar na capa. Espero que o mercado de ilustração nacional  reconheça o valor deste artista e o coloque novamente em evidência em suas publicações.

Esta nova edição traz também um artigo meu que fala do cisma entre ilustração e artes plásticas. Aqui vai um pequeno trecho.

"Durante um bom tempo, o pior dos mundos para um artista plástico era ter seu trabalho rotulado de ilustração. O termo era visto como altamente pejorativo e, no caso dos artistas que optassem pela veia figurativa, ser chamado de ilustrador era ter cocô de cachorro na sola dos sapatos da sua reputação. Um exemplo marcante disso é o que ocorreu com o artista Andrew Wyeth (filho do legendário ilustrador N.C. Wyeth), quando veio à tona sua belíssima série “Helga”, um verdadeiro tesouro da arte realista americana. Levado à capa de uma grande revista de arte, o rosto do artista tinha ao redor de si a manchete “Andrew Wyeth: gênio ou ilustrador?”."

A Ilustrar é, na minha opinião, uma revista para quem se interessa por conteúdo profundo e de qualidade. É alimento para a inteligência dos seus mais de 20 mil leitores.

5 comentários:

Cataua´s Images and dreams disse...

Alarcão, li o seu artigos sobre a questão das artes plásticas e ilustração, sinceramente você conseguiu traçar um cenário que é um paralelo do que você disse. Se interpretei bem o que você escreveu, Duchamp quis rir e continua rindo de muitas coisas que andam fazendo em nome da arte, ele abriu uma porta que os 'espertinhos' se aproveitam para continuar o fluxo.

Abraços e parabéns pelo ótimo texto, melhorou em 100% meu domingo!

Rogério Caetano

Alarcão disse...

Mensagem que recebi por e-mail de Rafael Nunes:

Olá Alarcão,

Em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-lo tanto por seu trabalho pessoal, que eu acho que reúne técnica e sensibilidade com a maestria
de poucos, quanto pelas suas contribuições com a Ilustrar, que também acompanho mensalmente.

Sou ilustrador iniciante, tenho no máximo 3 anos de mercado, e sou recém-formado em artes visuais. Há um vão enorme entre os dois campos
que é preenchido exclusivamente pro preconceito, e acho que os dois lados jogam preconceito nesse buraco gigante aí. Li no twitter quando
você estava escrevendo a matéria e estava curiosíssimo por ela. Acabei me decepcionando, achei que você em muitos momentos atacou o mercado de artes para defender o de ilustração. Assim, você acabou revelando o pior dos dois mundos, e o pior do nosso mundo de ilustradores é o orgulho. Acho que esse orgulho vem da nossa necessidade constante de se defender, pois estamos sempre à mercê de algo ou alguém, parece...

(Engraçado que no finzinho do texto, nos últimos parágrafos, você deu um tiro certeiro e eu acabei adorando a lição de moral e o desenvolvimento dos argumentos, contrariando toda a visão ruim que eu
tinha construido do texto no decorrer dele.)

Eu gostaria de dizer que existem ilustradores que são artistas e artistas que são ilustradores, mas nem sempre isso acontece e nem sempre precisa acontecer. Nenhuma das situações desmerece algum dos lados.

Existe gente fazendo lixo como o cara de quatro com o crucifixo, existe coisa de mau-gosto em todos os meios, mas é injusto pegar somente isso como exemplo, assim como é de mau-gosto dizer que intervenções são a moda do momento. Primeiro porque praticamente não há intervenção no ready-made do Duchamp, mas sim apropriação, o que é algo completamente diferente. Depois, é realmente um campo completamente hermético, o das artes visuais, mas o da ilustração também é. Porque são coisas 1 - muito específicas e 2 - muito
intelectuais. Coisas que demandam pensamento, exercício mental, treinamento constante, consciência espacial e temporal.

Há um texto, que não me lembro de cabeça de quem é, mas que define arte, não-arte e anti-arte. Uma breve busca por aí deve definir bem o
que é cada uma das coisas. Não há como entender arte contemporânea sem entender direito esses três conceitos. As pessoas tentam entender a
arte contemporânea por conceitos de assimilação e representação, o que não se faz mais desde o citado Duchamp e um pouco mais pra frente por
Pollock, Beuys e o grupo Fluxus. Arte não é mais questão de símbolos, mas sim de assimilações ao ambiente. A Escola de Tartu-Moscou da semiótica fala muito bem sobre isso: a arte tem a ver com o
aproveitamento da linguagem e da cultura. Nisso, ela se distancia da ilustração. A arte, apesar de estar no campo da comunicação, não tem a
preocupação de se comunicar às massas, mas sim de pensar sobre a própria comunicação. Enquanto isso, a ilustração tem como OBJETIVO se
comunicar com a maior quantidade possível de interlocutores. O nome ja diz tudo: ilustrar = tornar ilustre. Ilustração se preocupa em deixar claro o que está querendo passar, tem um didatismo. E é esse didatismo que faz uma área se mesclar à outra às vezes. Uma ilustração pouco didática tende a se aproximar da arte e um trabalho artístico mais
didático tende a se aproximar da ilustração. A arte conceitual, apesar de tão criticada (por puro preconceito do desentendimento), está agora
tomando a publicidade, e a ilustração está indo atrás. Campanhas virais são a versão da publicidade das performances, happenings e intervenções do mundo das artes. Eu poderia continuar por um tempão com esse monólogo defendendo a
arte, mas eu só queria deixar bem claro nesse ponto que não estou e nem quero atacar o mercado e os profissionais de ilustração, até porque sou um deles. Só queria sinceramente que um parasse de atacar o outro, pois a cada ataque desses há uma margem para um contra-ataque.

Alarcão disse...

Continuação da mensagem anterior:

É que, da maneira que você colocou na matéria, só deixa uma margem imensa para um artista visual ler isso e ter milhares de argumentos
para um contra-ataque, e dá a entender que nós, ilustradores, paramos de evoluir nos rastros das vanguardas artísticas do século XX, o que é
uma imensa falácia (veja bem: falácia, não mentira), pois indiretamente temos uma influência imensa dos artistas performáticos, dos pensamentos que eles trouxeram sobre a percepção do movimento, do corpo...o problema é que o mundo dos ilustradores não percebe essa influência. Por ignorância gerada pelo preconceito. Assim como
artistas não vêem que estão imersos até o pescoço em centenas de influências que vêm do mundo da ilustração. Artista que desmerece a ilustração é um artigo, FELIZMENTE, em extinção. É um preconceito
imbecil que vem da ignorância, também.

Desculpe se fui muito severo com seu texto. No fim, eu achei ele muito bom, e acho que é necessário trazer à tona essa discussão, porque acho que daqui pra frente é o entendimento desse limiar tão tênue entre ilustração e arte que vai fazer bem-sucedido ou não um profissional de
ambas as áreas. É só ver o que essa nova geração de brasileiros está fazendo com o mercado dos quadrinhos, virando dezenas de paradigmas de
ponta-cabeça. Aliás, caras que vêm das artes visuais, comos os gêmeos Bá e Moon e o Rafael Coutinho, que já tem o grande diferencial de ser
filho do genial Laerte.

Larguemos as armas e deixemos todos os reconceitos de lado, até mesmo quando falarmos de um cara pelado enfiando uma cruz no cu. Quer dizer, no lugar de xingar, pense no que significa uma pessoa estar pelada de quatro dentro de uma galeria, o que significa enfiar alguma coisa dentro do seu corpo...pense em todas as relaçoes que puder fazer veja bem, eu também não gosto do que o cara fez. Porém só criticar é muito
mais fácil do que criar relações e fluxos de pensamento).

Ambos os mundos são maravilhosos!

Um abraço de um cara que é seu fã e que espera um dia participar da
sua oficina-diário gráfico e poder conversar essas coisas todas
pessoalmente,

(Poxa, falei um montão. Desculpa pelo desabafo!)

--
Rafael Nunes Cerveglieri
http://rafaelnunes.carbonmade.com/

Alarcão disse...

Caro Rafael,

Agradeço sua mensagem, embora longa, didática e retórica. Decepcionou-me um tanto pois achei que traria alguma luz nova sobre o assunto. Mas no final, ficou um pouco melhor.
Quando escrevi o artigo fiquei aqui olhando para o relógio aguardando o primeiro e-mail chegar trazendo a isca do debate vão. Este peixe não vai morrer pela boca.
No final, o que conta mesmo é a qualidade do nosso trabalho como artistas. É dele que emana o orgulho e a auto-estima, e se não for bom, nem as palavras abundantes, nem o conhecimento teórico das bibliotecas poderão salvá-lo.
Quanto ao Diário Gráfico, por ser focado na prática da expressão intuitiva e subjetiva, com amplitude da margem de aceitação dos erros como parte do processo criativo, acredito não ser o que você procura como ilustrador.

Um abraço,

Anônimo disse...

Falta técnica, talento, ideias, tudo isso justifica o blablabla.

Contornar, maquiar, purpurinar... são vários os subterfúgios oara esconder o fato de que, quando o trabalho é simplesmente fraco - mesmo conceitualmente - restam apenas as palavras, muitas e muitas palavras, como patética corda de salvação.