
Acabo de assistir ao documentário "Arquitetura da Destruição", do diretor sueco Peter Cohen.
Consagrado internacionalmente como um dos melhores estudos já feitos sobre o nazismo, este filme aborda de maneira única a relação que esta ideologia estabeleceu com os ideais estéticos da antiguidade (Roma, Grécia e Esparta), distorcendo-os para servir de alicerce a um plano doentio de embelezar o mundo.
A figura de Hitler é esmiuçada de maneira a mostrar-nos muito além do velho clichê do "artista frustrado e rancoroso". Detalhista e controlador, o furher cuidava pessoalmente de cada detalhe que compunha o Terceiro Reich, como se fosse o diretor de uma grande ópera wagneriana. Ele criou não somente a máquina de propaganda (deixando a Goebbels a tarefa de fazê-la funcionar), mas também desenhou uniformes, bandeiras e estandartes, esboçou monumentos e palácios, atuou como curador de várias exposições de arte alemã, e coordenou cada detalhe dos monumentais desfiles nazistas que levavam multidões à histeria.
O filme mostra também a origem da perseguição às obras expressionistas, com campanhas onde fotografias de pessoas com deformações físicas eram comparadas àquelas figuras representadas nas obras da chamada "arte degenerada". "Somente espíritos doentes poderiam criá-las", diziam aquelas campanhas. (Dentre os "degenerados" estavam Kokoschka, Kirchner e Max Beckman, artistas excepcionais)
(Curiosamente, notamos que nenhum dos artistas que produziram a chamada "arte ariana" deixou seu nome na história!)
Vemos também no documentário raras filmagens de época, que mostram o confisco de obras de arte dos museus da europa e o destino destas quando, já perto do fim da guerra, o imenso acervo é escondido em uma mina abandonada nos Alpes (e houve também um plano de explosão desta mina...). Eram mesmo uns diabos loucos aqueles nazistas!
Diferente de outros filmes sobre o tema, "Arquitetura da Destruição" aborda a estreita relação que esta ideologia estabeleceu com a arte e os artistas.