A caixa foi comprada em Bezerros, no agreste pernambucano. Ela pertencia ao J. Miguel, filho do lendário cordelista J.Borges. No dia da minha visita, a loja-oficina do pai estava fechada e não tive o prazer de conhecê-lo.
Era Junho e eu rumava para a maior festa de São João no Mundo (esses títulos "somos-os-maiores-do mundo" são sempre tão ufanistas!). Mas é de fato verdade. A cidade de Caruaru estava lotada e não consegui sequer encontrar um quarto de hotel por lá. Tive que dormir em Bezerros, uns 60 km antes, voltando pela rodovia. A pousada em que me hospedei ficava na mesma rua das oficinas dos cordelistas Borges, o pai e seus filhos.
Como o velho não estava por lá, resolvi conhecer os "genéricos", digo, os filhos do homem. E descobri que eles até que são tecnicamente tãos bons quanto o pai.
J.Miguel retirou todas as suas ferramentas da caixinha de Umburana e a passou para mim. O dinheiro trocou de mãos e seguiu-se um cumprimento. Foi uma compra justa já que eu paguei - sem regatear- o preço que ele mesmo deu.
A caixa xilogravada há 3 anos faz parte da minha pequena coleção de caixas interessantes (que inclui uma da segunda guerra mundial e outra, de cigarrilhas belgas, com quase 100 anos de idade). Todas foram compradas em "mercados de pulgas" e por um preço que era pouco menos ou pouco mais que o troco do bolso.
E a caixa de cordel? Ela é uma obra de arte. Tem lugar de destaque na minha mesa.
Atualizando a postagem: em 2010, ou seja, 2 anos depois da primeira visita, retornei a Bezerros e pude finalmente conhecer o J. Borges em pessoa. Simpático e falante, o cordelista nos recebeu com muitos causos e cortesia. Aqui está o registro de nossa passagem por lá.
A última gravura da direita foi um presente para o amigo ilustrador Samuel Casal, o homem do "Cordel from Hell"
Borges autografando as matrizes que eu comprei.
3 comentários:
Nossa...
É realmente linda!
Visitei o ateliê dele quando criança.
Nasci em Olinda, e morei em Caruaru durante toda minha infância.
Meu pai sempre foi um apreciador de arte em madeira, e me levou para uma visita a este ateliê fantástico.
Linda esta caixa e linda a história das caixas. Quando viajei pelo México me deparei com muita coisa que eu gostaria de ter trazido mas que a grana e a oportunidade não permitiram. Entre elas uma mala de viagem repleta de selos e estampas e adesivos de viagens de cruzeiro e trem da América Latina do início do século XX. Incríveis. Esta é um dos meus arrependimentos muquiranas. hahahahaa
Há muito tempo ganhei uma pequena matriz de J. Miguel. Como é prática de levar e trazer, sempre vai na bolsa para mostrar a alunos.
Linda caixa!
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