3.11.06

Arte com poderes mágicos


Numa aula com Marshall Arisman, ele levantou uma tese interessante sobre arte primitiva. Dizia que o artesão da África de 4 ou 5 mil anos atrás não tinha a menor preocupação em assinar suas obras, num sinal evidente do seu desprendimento de ego, despreocupação com reconhecimento, admiração, bajulação e vaidades vãs.
Aqueles objetos criados por mãos munidas de toscas ferramentas, atenderiam à funções bem definidas, fossem como peças utilitárias, artefatos para caça e proteção, como também para assumir papéis específicos em rituais sagrados. Eram amuletos, máscaras, talhas, adornos, imagens, ossos, pedras, penas, peles, madeiras, fibras e sementes, em diferentes arranjos, e poderosamente imbuídos de espíritos ou da capacidade de evocá-los.
Nenhuma daquelas obras tinha qualquer assinatura do artista. Isto era algo completamente sem importância.
Se por um lado aqueles africanos de outrora não puderam ter seus seus nomes registrados nos livros de história, por outro lado, nenhum artista contemporâneo, nem os de nome reconhecido, teve a capacidade de criar obras carregadas de poderes mágicos.